segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Crítica: "Martha Marcy May Marlene" (2011) de Sean Durkin

A jovem Martha (Elizabeth Olsen) é aceite numa comunidade fechada, conduzida por Patrick (John Hawkes), um líder fanático e extremista. Após dois anos isolada, em que tem de anular a sua personalidade numa fé e obediência cega, acaba por conseguir fugir. Já em casa da sua irmã e do seu cunhado, a quem é incapaz de explicar o acontecido, ela vai ter de lutar contra a própria imaginação, que a todo o momento a faz confundir o presente com os anos que passou naquele estranho lugar.
"Martha Marcy May Marlene" (2011) de Sean Durkin (realização e argumento) é um filme cru, seco, mas de uma beleza atordoante, uma beleza fria e soberana, tal como uma maravilhosa casa no lago. Há um passado e um presente, há fealdade e beleza. Uma a sobrepor-se a outra, numa corrida em que Martha tudo tem a perder. A perturbação é dilacerante, não o conseguindo ser quando é realmente necessário. E é aí que o filme tende a falhar. Durkin, que com este filme ganhou no Festival de Sundance o prémio de melhor realização, conseguiria facilmente ter aqui um filme grande, sobretudo com todo este material que tem e escusava de nos dar um final atabalhoado, apressado e amador.
Mas gostei do filme, sobretudo da sua crueza e do seu vazio. Gosto de filmes assim, que nos sejam apenas dados, despojados de artifícios e que não nos expliquem tudo o que acontece a cada cena. Adorei a dicotomia e a tensão das irmãs Martha e Lucy (uma muito competente Sarah Pulson). A interpretação de Elizabeth, a mana mais nova das famosas gémeas Mary-Kate e Ashley Oslen, é, para uma (quase) estreante, de uma riqueza estonteante, um diamante em bruto à espera de ser lapidado. A inocência infantil, a alegria constrangedora, a ausência macabra, a frieza que fere, a anulação de si mesma, a aceitação não total está presente no sublime rosto de Elizabeth.
Para mim este "Martha Marcy May Marlene" está para 2012 como o filme "Despojos de Inverno" ("Winter's Bone", 2010, de Debra Granik) esteve para 2011. Ambos são filmes independente, ambos  são protagonizados por jovens promessas que já estão a dar cartas em Hollywood, e ambos têm como actor secundário John Hawkes...
Classificação: 3,7 estrelas em 5.
Visionado ontem, 08 de Janeiro de 2012.

4 comentários:

João Roque disse...

Para já obrigado por teres anuído uma vez mais ao meu pedido quanto aos comentários.
Parece impossível que nunca me tenhas falado neste teu blog; merecias um puxãozito da orelha...
Sobre este filme, não conheço; mas a tua aprovação e o facto do prémio conquistado em Sundance são motivos para ficar atento.

Unknown disse...

Está em cartaz desde quinta-feira.

Anónimo disse...

Ai quero ver tanto este filme :) Começam a vir os melhores títulos para o cinema! Uma pessoa nem sabe por onde há de se virar!

Boa crítica! Vou seguir atentamente o teu blog. (se bem que so vou comentar o filme assim que o vir ;P)

Abraço!

Unknown disse...

@theporcupinelair tens razão, é a chamada "temporada de prémios"... concentram tudo na mesma altura e depois uma pessoa tem que andar a correr de cinema em cinema... é que eu já não tenho idade para correr...